Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha

Fernanda Mateus
3 min readJul 26, 2020

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Texto originalmente postado no instagram do Diretório Acadêmico Paulo Affonso Leme Machado (DAPA) — Direito, UFRRJ. Link: https://www.instagram.com/p/CDEcloyjYLi/

Hoje, 25 de julho, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Esta data histórica e ímpar surgiu em 1992, no I Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, que deu origem ao REDLAC (Rede de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas) e que determinou o presente dia como um dia de luta no mundo inteiro. No Brasil, a data foi admitida pelo calendário oficial por meio da Lei de no 12.987/2014, quando recebeu o nome de Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

A população negra compõe a maior parte dos brasileiros, segundo o IBGE, e mais de 200 milhões de pessoas se identificam como negros na América Latina. Por questões históricas e sociais, homens e mulheres negras são os maiores alvos de violência, encarceramento em massa, trabalho precário, acesso à educação e saúde.

No que tange às mulheres negras a situação é mais preocupante. Os índices de violência doméstica e violência letal de mulheres negras cresce constantemente, a situação das prisões e a de trabalhadores informais em meio à pandemia de COVID-19 mostra de maneira que o vírus nunca atingiu a todos da mesma forma. Isso ocorre apesar dos diversos movimentos em luta por direitos fundamentais e para a tomada de medidas contra a letalidade violenta da população jovem, negra e pobre.

Como diz Lélia Gonzalez, que foi antropóloga, professora e uma das maiores intelectuais do movimento feminista negro brasileiro, “o racismo latinoamericano é suficientemente sofisticado para manter negros e índios na condição de seguimentos subordinados no interior das classes mais exploradas”.

Neste dia também temos a segunda paralisação dos entregadores, intitulado como movimento #BrequedosApps. Estes eventos acontecerem no mesmo dia é algo simbólico, visto que os maiores atingidos pelos efeitos da uberização do trabalho são mulheres e homens negros. Logo, não há dissociar o antirracismo da luta de mulheres e dos trabalhadores por garantias de direitos.

Hoje, também faltam dois dias para o aniversário de Marielle Franco que fez parte da política e era mulher, negra, lésbica e favelada. Tinha em seu corpo, em sua história e nas suas lutas as pautas de vários movimentos organizados por direitos das mulheres, de negros e contra o neoliberalismo. Não por acaso foi assassinada em um dos países que mais mata defensores de direitos humanos. Mataram o seu corpo, mas seu espírito de luta permanece vivo e resistente. Ela também sempre dizia a frase “eu sou porque nós somos”.

Portanto, a Gestão De Todo Mundo, à frente do Diretório Acadêmico Paulo Affonso Leme Machado (DAPA) ressalta a importância de falar sobre este dia, reitera a luta dos(as) entregadores(as) de aplicativos e compromete-se a seguir sendo construído, enquanto entidade, jungido às lutas de mulheres, raça e classe.

“Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual. Por isso mesmo, trazemos conosco a marca da libertação de todos e todas. Portanto, nosso lema deve ser: organização já!”

Lélia Gonzalez

Fernanda Mateus Rosa da Silva — Diretora Acadêmica do DAPA

Gestão De Todo Mundo
DAPA UFRRJ

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Fernanda Mateus

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